Duque de Caxias é o patrono do Exército brasileiro. Tiradentes é o patrono das Polícias Militares do Brasil.
A recente greve deflagrada pela Polícia Militar do Estado do Tocantins quase nos coloca em um dilema:
Duque de Caxias ou Tiradentes?
Antes de tomar partido resolvemos fazer uma reflexão e pedimos informações à PM/TO perguntando aos Advogados daquela coorporação qual era o motivo da greve.
As informações davam o tom do descontentamento:
O último reajustamento salarial das PM’s daquele Estado foi concedido em 1994. Portanto, mais de seis anos sem correção salarial! De julho de 1994 a abril de 2001, o INPC, que antes do Plano Real servia para reajustar os salários, teve uma variação de 101,52%. O ICV do DIEESE, índice que norteia as reivindicações salariais dos sindicatos, teve uma variação de 156,23%. No mesmo período a PM/TO teve zero de correção, segundo informações recebidas e em nosso poder.
É por isto que 98% da Coorporação aderiu ao movimento.
Não defendemos a greve dos PM’s e nem outra greve em atividades essenciais. Mas defendemos a tese de que quem trabalha nestas atividades deveria ter garantias mínimas estabelecidas na própria lei que define tais atividades como essenciais.
Ficamos estarrecidos com as manobras da tropa do Exército em Palmas. Dentro do batalhão da PM havia grevistas, mulheres e crianças. Estas crianças vão crescer traumatizadas com o que viram. Não terão a mesma admiração que a maioria do brasileiros têm pelo nosso glorioso Exército.
É de imaginar o que seria do País se houvesse um tiro ali. Irmãos militares matariam uns aos outros, dentro do mesmo País.
A guerra em si é uma ignorância. Imaginem uma guerra dentro do próprio País, onde o “inimigo” é o grevista ou o militar – ambos brasileiros!
O movimento grevista deveria ser encarado como um conflito trabalhista e nunca como uma operação de guerra.
A conduta correta seria pedir a interveniência de um negociador trabalhista para servir de mediador no conflito que era de natureza trabalhista.
A presença do Exército durante a greve só teria sentido se fosse para proteger a população em substituição à polícia militar, durante a greve.
Segundo notícias dos jornais as tropas federais passaram várias noites fazendo buzinaço, desfilando com tanques blindados, pressionando os grevistas. Cerca de mil homens das tropas federais desfilaram pelas ruas da cidade amedrontando, sobretudo, a população.
Esta atitude desgasta a imagem do Exército Brasileiro e não contribui, de maneira alguma, para a solução do conflito, o qual não está resolvido.
O problema é muito mais sério do que parece. Não é só a Polícia Militar que está no limite. É o povo em geral.
Estamos diante de um novo derrama!
O Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira, que de provisório já não tem mais nada, será prorrogado até o ano 2003, segundo notícias veiculadas pela imprensa.
A tabela do Imposto de Renda retido na Fonte não é corrigida desde 1996, fazendo com que o contribuinte pague mais imposto a cada ano, de uma maneira disfarçada…
Os trabalhadores ganham na justiça o direito de receber a diferença do FGTS, mas não a recebem…
Agora estamos diante de outra aberração. A história do apagão onde a população está sendo literalmente ameaçada como se dela fosse a responsabilidade pela crise energética.
Além de ameaças com sobretaxas tentou-se proibir até o direito de utilização do Código do Consumidor.
A continuar como está, aconselhamos aos homens do Governo a aumentar o contigente militar federal porque o Exército terá que fazer várias intervenções simultâneas nos diversos Estados da Federação.
E depois que não digam que foi uma surpresa!
Por estas razões devemos dar preferência para as soluções negociadas quando o conflito for de natureza trabalhista… Tiro? Nem pensar…
Que Caxias nos perdoe, mas neste momento ficamos com Tiradentes.