Dois exemplos recentes ocorridos no esporte internacional merecem uma reflexão que vai além do esporte – é a análise do ponto de vista de Recursos Humanos e, por conseqüência, do comportamento dos líderes e dos liderados.
O primeiro caso é a não convocação de Romário para participar da seleção brasileira que disputa a Copa do Mundo. Romário, como todos os brasileiros e até mesmo os aficionados ao futebol de outros países sabem, é excelente jogador. É artilheiro nato e em futebol o que vale é bola na rede.
Felipão ao não convocar Romário assumiu um grande risco pessoal. O risco de, se o Brasil perder a copa, ser responsabilizado pela derrota e principalmente por não ter levado o “baixinho”. Será chamado de burro e sua mãe será lembrada a todo instante. Se ganhar a copa ninguém se lembrará da não convocação de Romário.
Precisamos refletir sobre a decisão do técnico do ângulo do gerente que ao formar a sua equipe tem como meta alcançar os resultados delineados.
Romário conhece futebol e o conhecimento é importante na formação da equipe. Por que então Romário não foi convocado?
Felipão está certo. No trabalho a atitude das pessoas é mais importante do que o conhecimento. Todos nós sabemos que Romário é indisciplinado, não obedece as instruções do Técnico e não dorme cedo. Não se importa com a harmonia do ambiente no local de trabalho. Existem outros jogadores que, embora não tão habilidosos com a bola, trabalham melhor em equipe e podem dar melhores respostas às instruções do treinador.
O Brasil pode perder a Copa, mas a decisão de Felipão teve como objetivo exatamente o contrário…
Outro exemplo que não podemos perder de vista é aquele do Rubinho Barrichello…
Se Romário é indisciplinado demais, Rubinho é “disciplinado” demais.
Como pode um desportista liderar uma competição o tempo todo e não vencê-la só porque recebeu ordem do chefe para dar o gosto da vitória a outro competidor?
Rubinho agiu quase como o jogador de futebol que driblou o goleiro e não marcou só porque ouviu um grito: Não chute!… Se chutar seu contrato será rescindido…
São duas situações que merecem uma análise comportamental.
Romário, indisciplinado demais.
Rubinho não foi disciplinado. Foi subserviente. Esqueceu que atrás da competição tem uma bandeira do Brasil e 170 milhões de brasileiros confiando em seu representante…
A análise do comportamento humano é complexa e é por isto que ouvimos constantemente: Eu sabia… Eu não disse?
Difícil mesmo é tomar a decisão na hora certa. Por isto espero que Luiz Filipe Scolari possa voltar campeão e que Rubinho tenha aprendido a lição.